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Arquitetos: CAB Architects
- Área: 2400 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Aldo Amoretti
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Instituto de Ciências Marinhas é dedicado à pesquisa em oceanologia. Este pequeno campus acolhe pesquisadores que se debruçam sobre a preservação do mar. Com isso, dois temas estiveram no centro da nossa reflexão: hospitalidade e contexto; especificamente o ambiente mediterrâneo. Situado na costa, o projeto abriga alojamentos e espaços de trabalho.
Aninhado no sopé de uma falésia, o volume usa as características do terreno para definir uma arquitetura infraestrutural. A topografia gera um claustro desconstruído pela encosta. A edificação é composta por dois volumes em "L". Um forma uma base contendo as áreas comuns e o outro, invertido, abriga os dormitórios. Essa sobreposição cria uma nova espacialidade, o pátio. O volume suspenso abrange uma piscina, abrindo o pátio para a paisagem marinha. Situado entre casas e quartéis militares, o projeto rejeita e aceita o ambíguo "territoire".
Construído em concreto com rochas das pedreiras próximas, o projeto faz referência às falésias que o dominam. As persianas de metal funcionam como telas nas varandas e lembram as janelas da arquitetura patrimonial da região. A associação de massas de concreto e persianas metálicas cria um diálogo entre arcaísmo e contemporaneidade.
O claustro arquetípico responde a um desejo de interioridade dos pesquisadores e gera um projeto de infraestrutura habitável. O volume é tanto introvertido, dedicado à pesquisa, quanto extrovertido, incentivando a troca e a projeção. O terreno torna o acesso complexo, mas também cria sua especificidade. Uma rampa leva aos laboratórios, estacionamento e à parte superior das salas comuns voltadas para o pátio.
Estas salas estão ligadas por corredores iluminados naturalmente por claraboias. As portas de vidro dobráveis permitem que os quartos sejam totalmente abertos para o pátio; uma reminiscência da funcionalidade dos galpões para barcos do cais. A linguagem simples e organizada da edificação responde à natureza das atividades que ocorrem dentro dela. De fato, as saídas diárias para mergulho exigem espaços funcionais, resistentes e solidamente projetados. Nenhum excesso de sofisticação é evidente e esta postura; teórica e pragmática, garantiu o apoio do cliente. A adaptação ao declive pesou muito no orçamento, mas a própria construção funciona como reforço do terreno acima. Neste local, visto como inóspito, arquiteto e cliente uniram-se para criar um projeto que fomenta a reflexão, a troca e o convívio.
A sobreposição de volumes cria uma abertura e permite que a brisa marítima entre no pátio e passe sobre a piscina sombreada que, por sua vez, resfria o ar e ventila naturalmente a edificação. Este ar fresco é propagado para as salas comuns e é extraído pela ventilação na cobertura. A sombra, o pátio e a piscina, a brisa do mar e as propriedades minerais do concreto eram para nós as condições de uma arquitetura mediterrânea resolutamente localizada.
A escolha dos materiais está vinculada ao local. O concreto, material arcaico de expressão, permanece contemporâneo por suas capacidades técnicas inovadoras. Este projeto traz o silêncio, a abstração e a dramaturgia desejada ao projeto. Nesta região, o concreto é um recurso local em um um país com muitas pedreiras. A natureza artesanal da fundição in situ faz com que o canteiro de obras seja animado, preservando a surpresa de resultados que nem sempre podem ser previstos.
Em diálogo com a mineralidade suave das paredes, as venezianas pivotantes são como armaduras de aço que protegem os quartos da imponente paisagem marítima. O conjunto cria um volume duradouro, adequado para acolher jovens investigadores em um programa de estudos no Mediterrâneo.